quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

com amor

resisto aguardando ansiosamente
teu telefonema.
amanhã acordaremos
e minha pele ainda estará a mesma,
os olhos caídos replicando dores agudas.
o cinza da pele é irreparável.
chico tenta extrair tudo que pode,
mas foram apenas meus olhares
despencando nas tatuagens do braço esquerdo.
perfeitas instituições de cinismo.
me sinto curiosa em saber o que escreve
por horas na sala fria.
devem ser notas de vertigem ou coleções do
cais, uma ponte,
duas vezes a lembrança do último fim de semana.
uma hora vou me cansar desses
barulhos absurdos de chuveiro
ao lado. já são duas noites seguidas.
dizem que nunca farei sonetos.
mas por ti, chico.
o segundo nome de chico está em italiano.
você nunca chega na hora.
nunca imagino o que isso pode acarretar,
talvez minha camisa purple de botão
abarrotada no calor.
atiro seus pedaços na parede do quarto.
em outros tempos, sairíamos para ler no parque.