domingo, 22 de abril de 2018

para Jorge

jorge eu desconheço. talvez ele seja uma multidão de sentimentos, explosão de repúdio ou um par de pernas deixadas para trás. jorge talvez como uma casa, como se fosse a casa de paredes decepadas e telhados empoeirados, sustentando as residências dos insetos que percorriam seu corpo durante a noite. jorge, uma mentira. jorge é querer responder com um sinônimo o nome que tanto anuncia meus sentidos mais íntimos e políticos. uma guerra civil que só a subjetividade do meu silêncio permite a elaboração das respostas paras as páginas que escrevi com o pensamento em jorge. jorge é aquele que pouco conversa, mas surta quando ofélia lhe oferece um banho. ama a ideia de vê-la nua e justifica interesses com chicletes trocados de boca em boca, mastigados, quando a vontade era a de mastigar os cômodos espaços das línguas, salivando vinhos e cigarros durante a madrugada. eu prefiro chá, ofélia cochichou uma vez que disso ele não gosta. jorge, uma incógnita. talvez o cansativo e vergonhoso número de mensagens trocadas jamais conseguirão ordenar o real significado das palavras que escrevo. escrevo para você, jorge, para você.

"cartas à ofélia"
22.04.18

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